domingo, 1 de agosto de 2010

Falta de estrutura dos Bombeiros da Capital preocupa população

30/07/2010


Bombeiros

Falta de estrutura dos Bombeiros da Capital preocupa população

Cyntia Dias

O incêndio que ocorreu no último dia 24 de julho na Polisoldas, localizada na Avenida das Nações Unidas, é mais uma prova da força de vontade do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO) e da falta de estrutura que esses soldados têm para trabalhar. Dois dias após o sinistro uma das donas do estabelecimento, Jannyce Vacaro, deu uma declaração ao Jornal Diário da Amazônia onde ressaltou a falta de incentivo e a falta de estrutura dos órgãos públicos para combater esse tipo de acidente.

Na ocasião, o senhor Jairo, proprietário da Polisoldas, não resistiu ao choque emocional e foi internado. De acordo com informações do filho Toni, o pai já se encontra em casa, mas permanece medicado porque ainda sofre com o abalo emocional. Toni foi orientado pelos advogados a não dar maiores informações à imprensa, apenas falou que estava tudo entregue nas mãos de Deus.

Eliezer Eller Teixeira, gerente da loja Rei da Borracha, diz que os bombeiros trabalharam muito no combate ao incêndio que destruiu a Polisoldas. No entanto, ele lembra que faltaram equipamentos apropriados para o combate ao fogo. Na ocasião apenas dois homens portavam Equipamentos de Proteção Respiratória (EPR), faltaram escadas, e foi necessária a colaboração de vários empresários que disponibilizaram carros pipa com água para abastecer os caminhões da corporação.

Seis empresas privadas atuaram no combate ao incêndio, entre elas, a Guaporé e a Madecom. Soldados do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) e a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) foram fundamentais na ação. A loja Rei da Borracha ajudou disponibilizando máscaras de oxigênio para os voluntários e para os soldados do CBMRO. Diante do que presenciou o gerente não acredita que o Corpo de Bombeiros esteja preparado para atender a uma população crescente como a da Capital. “Eles trabalham muito, são fundamentais, mas não têm a estrutura que necessitam para atender a população, se não fosse a ajuda de outros empresários e órgãos públicos o fogo teria consumido todas as lojas vizinhas”, afirmou.

A vida Continua

Os filhos do seu Jairo já começaram a reerguer o negócio da família. Na mesma Rua onde se localizava a loja fica também o galpão da Polisoldas. Eles devem continuar o trabalho no galpão mesmo. As reformas já começaram.

Ponto dos Colchões

Outro incêndio marcou a vida dos Porto-velhenses. O sinistro aconteceu no dia 2 de janeiro do corrente ano, na loja Ponto dos Colchões. As chamas consumiram todo o estabelecimento e os produtos que lá continham. O dono da loja, Antônio Alexandre Barbosa, 63, se revolta ao lembrar como foi a ação da corporação no dia em que se deu a tragédia, responsável por destruir o patrimônio construído durante toda uma vida. “Uma vergonha. A nota é zero, menor que zero”, afirma.

Barbosa lembra que só havia um caminhão no combate ao fogo. Havia muitos soldados, mas não tinham equipamentos. Apenas um soldado usava equipamento de proteção respiratória, os outros não tinham roupas adequadas para a ação. Foi preciso pedir uma escada emprestada para um vizinho. Não havia água. Esta também teve que ser doada. Um dos filhos de Barbosa lembra que viu alguns bombeiros passarem mal por conta do calor excessivo.

Segundo Barbosa, é inegável que os bombeiros tenham boa vontade, mas não têm as condições de trabalho adequadas, os equipamentos. “Se dependêssemos só deles teria incendiado o quarteirão inteiro. Eles não têm condições de apagar nada”, afirmou.

Laudo Pericial

O laudo do Instituto de Criminalística concluiu que o fogo se iniciou no compartimento localizado no setor posterior do almoxarifado, mais precisamente na sala de depósito de materiais de computação e banheiros do galpão da Secretaria de Saúde de Porto Velho (Semusa). O sinistro em estudo foi levado a efeito através da causa acidental direta ou causa intencional com intervenção direta, conforme o item 6 do laudo, não tendo os peritos elementos para determinar a intencionalidade ou não do incêndio.

Diante do exposto no laudo, Barbosa disse que pretende negociar com a prefeitura de forma pacífica e que não espera ter que brigar na justiça para ver ressarcidos os seus danos. O ponto dos Colchões não tinha seguro, portanto, a perda foi absoluta. Juntamente com os filhos César Duarte Barbosa, 27, e Sérgio Duarte Barbosa, 27, o comerciante está se reerguendo no mesmo prédio, localizado na Avenida Dom Pedro II, quase esquina com Joaquim Nabuco.

Para dar continuidade ao trabalho na loja, que já tem seis anos de mercado, a família precisou se desfazer de alguns bens, entre eles, um caminhão. Os fornecedores também colaboraram com o comerciante. Eles prolongaram o pagamento da maior parte das contas, transferindo as datas de algumas parcelas o que possibilitou a volta da família ao mercado. O comerciante ainda calcula o valor total das perdas.

Infraestrutura da Corporação

O Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia (CBMRO) em Porto Velho possui uma viatura ABP (Auto Bomba com Plataforma) com capacidade para 10 mil litros de água, uma viatura ABPR (Auto Bomba com Plataforma Rápida) com capacidade para 4.500 litros e um AT (Auto Tanque) com capacidade para 10 mil, totalizando 24.500 litros de água, e Equipamentos de Proteção Respiratória (EPR). A guarnição de incêndio da Capital conta com apenas doze soldados e ainda não dispõe de uma Escada Magirus para auxiliar nas operações.

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