segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Uma cultura que sobrevive apesar da modernidade e da tecnologia

01-08-2010


Ervas Medicinais

Uma cultura que sobrevive apesar da modernidade e da tecnologia

Cyntia Dias

Apesar dos remédios fabricados com a mais alta tecnologia nos laboratórios mais modernos do mundo, muitas pessoas ainda preferem mesmo é um bom chá, seja para dor de cabeça, dor renal, inflamações, entre outras doenças comuns no dia-a-dia, as ervas ainda estão e devem permanecer por bastante tempo na vida dos rondonienses.

É cultural, passa de pai para filho. Aquele chazinho de erva cidreira, de boldo, de quebra-pedra, enfim, uma infinidade deles. Há 14 anos Amaro Rodrigues da Cruz, 59, trabalha com a venda de ervas, plantas, xaropes e garrafadas. Ele aprendeu com os irmãos que trabalhavam na feira, mas só revende, não faz os preparados. Uma parte da clientela já é fixa.

As ervas mais vendidas são a Carqueja, indicada para dores de estômago e digestão, Aroeira, para infecções e inflamação, Barba Timão, combate a coceiras e inflamações, e quebra-pedra, indicado para o bom funcionamento dos rins e da bexiga.

Cruz confessa que muitas pessoas o procuram na intenção de adquirir algumas espécies de ervas que são abortivas, como a cabacinha, folha de sene e quina-quina, mas que ele não vende se souber que é para prática de aborto. No entanto, se a pessoa pedir a erva sem dizer qual a intenção ele vende sim. Há até um extrato de cabacinha que vem em um vidrinho pequeno e que de tão forte, com apenas algumas gotas dentro de água fervente, já dá o resultado esperado.


Há 18 anos Lirto Pedraça, 60, trabalha na venda de produtos medicinais. São diversos tipos de garrafadas, extratos, xaropes, seivas e tinturas, extraídas das mais variadas espécies de plantas e ervas da floresta. Os preparados são feitos pelo próprio Pedraça que aprendeu tudo o que sabe com os avós e o conhecimento popular de outros raizeiros.

Duas das ervas mais vendidas são a unha de gato, diurético e anti-reumático, e Uchimaru, anti-inflamatório e anti-hemorrágico. Mas, o que vende mesmo são os preparados de seu Pedraça. O Extrato João Brandinho para dores musculares, queimaduras, picadas de insetos, vende em torno de 12 litros por mês. O xarope de jatobá, indicado para tosse, bronquite, asma, tem uma saída de 100 Kg mensal. O mel composto com andiroba, copaíba e sucupira, para faringite, rouquidão, tosse, vende uma média de 40 Kg por mês. A tintura cipó de índio, para o controle de diabetes, tem uma vende mensal de cinco litros. O extrato de buchinha paulista, indicado para sinusite e rinite, vende me torno de três litros por mês.

Segundo Pedraça a maioria das ervas, como a aroeira, barba-timão, pau tenente, carqueja e boldo vêm de fora do Estado. Ele lembra que existem os maus profissionais que só querem vender e não se preocupam com o cliente e que é preciso tomar cuidado para não levar para casa uma erva que não irá servir para a doença que a pessoa tem.

O chazinho de cada dia

Há mais de oito anos o comerciante Tarcisio Gomes Portela, 47, faz uso de xaropes e ervas medicinais. Os preparados são para curar gripes, resfriados, ferimentos e dores musculares adquiridos nas partidas de futebol de fim de semana. Ludmila Pereira, funcionária pública, não faz uso de ervas, mas gosta de usar alecrim na preparação de carnes. “O gosto fica maravilhoso”. O borracheiro Raimundo Soares Nascimento, 54, aprendeu desde cedo sobre o poder das plantas. O baiano de avó indígena prefere chás a remédios. Normalmente ele faz uso de garrafadas compostas por diversos tipos de plantas.

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