terça-feira, 16 de junho de 2009

Sem nome


Olá, eu sou aquela que não tem nome. Você não me conhece. Eu sou alguém de quem o mundo não se lembrará. Mas você... Você jamais se esquecerá de mim porque eu sou a sua contraparte, sou o outro lado da história e você tem me evitado por causa disso. Mas não deveria. Eu sou o outro lado da moeda. Sou sua consciência e suas mais intimas verdades. Eu existo com ou sem nome. Sou apenas energia e não importa como me chamem sempre estarei lá. Não sou uma espécie de divindade celta, não se confunda. Talvez esteja mais para anjo caído. Estive aqui por muitas eras e fui batizada com muitos nomes. Hoje já não sei quem sou. Não precisa me dar nome nenhum, pois essa é apenas uma convenção social.

Eu sou daquelas que não aceitaram o batismo de sangue. Sou uma daquelas que queimou nas fogueiras da Santa Inquisição. Hoje não preciso empunhar espadas. Posso travar batalhas sem a utilização da violência. Posso lutar com palavras e gestos. E Posso gritar palavras de ordem nas ruas. Certamente que esses são dias melhores. Agradeço por não mais ter que servir aos exércitos com o meu próprio corpo. Acho que depois de tantos séculos caminhando pela terra e conhecendo povos e culturas os mais diversos, eu deveria ter encontrado a grande sabedoria que os homens buscam e que por ela promovem tantas guerras. Mas quanto mais conheço o ser humano, meu semelhante, mais eu me desconheço e descubro novos horizontes impenetráveis.

Sigo em busca de novos caminhos, novas terras, novos amanheceres. Acho por bem de lembrar que essa é a história da sua vida. Você que esqueceu a dor da primeira relação sexual com o homem que não escolheu. E que agüentou todas as dores do parto do filho que você mesma repudiou e amou por causa dessas mesmas dores. Você sou eu no passado e no porvir. Não há mais espaço para mim agora. O mundo te viu e admirou. Eu te vejo e sinto saudades. O tempo não volta, mas as lembranças sempre estarão lá. Num cantinho no peito do lado do coração.

Você me conhece. Eu caminhei por muitos lugares sombrios na escuridão e nas trevas. Eu tive medo e eu estive só. Mas o tempo passou e novos tempos vieram. Hoje eu caminho por entre os bosque e praças, e eu danço alegremente ao som das músicas populares. Já não preciso me esconder. Já não preciso calar. Posso ser livre e posso finalmente ser feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário