terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sobre cárcere privado (Poesia)


Sobre cárcere privado

Ainda estou presa no meu casulo dourado.
Não pensei que fosse tão difícil me livrar dele.
O esforço é grande mais parece não surtir efeito algum.
Sinto-me encarcerada em um saco de peles cheio de ossos.

Aqui não há paredes e não há portas fechadas com cadeados gigantes.
Apesar disso eu só preciso encontrar a chave para abrir “um não sei o que” que me libertará.
Continuo me debatendo como posso.
Tento não adormecer por causa do cansaço e da fadiga.
Inútil.
Como foram inúteis, até aqui, todas as outras tentativas de escapar.

Meu corpo já não dói tanto.
Deve ter se acostumado com as intempéries.
Não sinto minhas asas,
Nem sei se ainda as tenho,
Mas ainda sonho em alçar vôos tão altos...

Asas de anjo, asas de borboleta, asas de águia, asas de condor, asas de falcão...
Minhas asas estão machucadas,
Assim como meu coração.
Penso se vou poder voar novamente.

Enquanto isso me resigno a minha prisão sem paredes e sem teto, e sem chão, e sem portas ou janelas.
Enquanto travo uma batalha dantesca no meu casulo de platina, aço e ouro,
Sinto lágrimas quentes descendo sobre a minha face,
E por último sinto um estalar de dedos que estraçalha minhas pequeninas asas de papel machê.

Por: Cyntia Dias

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