domingo, 29 de novembro de 2009

Homenagem aos 48 anos do organizador da 1ª Parada Gay de Porto Velho

http://www.oobservador.com/arte/not_art8383,0.html


Organizador da 1ª Parada Gay de Porto Velho completaria 48 anos neste domingo (29/11) caso ainda estivesse vivo. Paulo Santiago nasceu em 29 de novembro de 1961 e morreu em 22 de abril de 2006. Há três anos a tragédia marcou a vida da família. O crime não foi desvendado e o processo foi arquivado.

Paulo Santiago organizou a Parada Gay de 2003 a 2005. Em 2006 ele foi assassinado antes da passeata daquele ano. Estava na porta de casa quando foi atacado por dois homens. Correu. Levou um tiro nas Costas. Ainda implorou.

Escritor, artista plástico e cabeleireiro. Fundou a Associação Projeto Vida, ligada ao grupo de gays e lésbicas. Trabalhava com a comunidade. Cortava cabelo na Casa do Idoso e na Casa do Adolescente (para menores infratores). Foi monitor no presídio feminino.

Nas madrugadas distribuía camisinhas para os travestis e garotas de programa, às vezes de bicicleta. Arrecadava doações de alimentos para pessoas portadoras de DST’s e também para famílias carentes do bairro. Conseguia consultas médicas para pessoas doentes e incentivava a procura por recursos financeiros, através de benefícios do governo, para pessoas com AIDS.

Desenvolvia diversos projetos sociais ao lado da irmã Auxiliadora Santiago. Era sempre convidado para dar palestras. Palestrou em faculdades como a Fimca e a São Lucas.

Segundo Auxiliadora o crime que cometeram contra a vida de Santiago não foi ligado a homofobia. “Foram pessoas invejosas que tramaram a morte dele. Na época ele vinha sofrendo assédio moral, calúnias e difamações de toda espécie.”

Na época Santiago estava operado de hérnia e vesícula. “Ele não tinha como se defender. Estava indefeso. Correu para tentar se salvar e morreu covardemente com um tiro nas costas. Implorou na rua para não morrer. Perguntou por que estavam fazendo aquilo com ele. O que ele tinha feito....”.

Segundo Auxiliadora a população cobra justiça. Ela continua a luta do irmão com uma equipe formada por mais três pessoas. Maristela, Hilda, Nilson e Auxiliadora continuam os trabalhos sociais desenvolvidos por Santiago na comunidade.

Santiago escreveu quatro livros. A razão do limite (mini-biografia) – fala sobre a vida dele. Os preconceitos, a vida como órfão, as violências sofridas pela polícia, drogas, a dificuldade de enfrentar a família e os parentes, todos muito preconceituosos. Hipnose - sobre a natureza, auto-estima, auto-ajuda. Senhor Caju – um ser espiritual. Ele teve uma visão e começou a escrever sobre o Ser tendo até feito uma tela dessa personagem. E o último livro, O Ser Gay – como é a vida de uma pessoa gay, linguagem, jeito de vida, tem um minidicionário dentro.

Houve uma exposição na Ivan Marrocos em novembro de 2007 na data do aniversário de Santiago. A irmã ainda tem o acervo com tudo relacionado a ele e pretende fazer uma nova exposição em breve.

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