domingo, 19 de julho de 2009

Desmoronamento do barranco do Rio Madeira ameaça engolir a Comunidade São Sebastião

Você está em: O OBSERVADOR > nacional > política

Usinas do Madeira

Desmoronamento do barranco do Rio Madeira ameaça engolir a Comunidade São Sebastião

Theodoro Oliveira, 48, funcionário público do Estado, há 26 anos mora em Porto Velho. Na comunidade São Sebastião reside há aproximadamente três anos. Teo, como é conhecido, denuncia que o fechamento do Rio Madeira em um de seus afluentes

2009-07-17 - 18:16:00 - Alexandre Araujo e Cyntia Dias/O Observador


Localizada a margem esquerda do Rio Madeira de frente para o lado urbano da cidade, a comunidade São Sebastião é completamente diferente da Porto Velho de cotidiano agitado. Quando se atravessa para o outro lado do rio a primeira sensação é de estar em outro lugar, em uma cidadezinha do interior. No entanto, a tranqüilidade que reinava na vida dessas pessoas acabou quando começaram a construção da usina hidrelétrica de Santo Antonio.


Theodoro Oliveira, 48, funcionário público do Estado, há 26 anos mora em Porto Velho. Na comunidade São Sebastião reside há aproximadamente três anos. Teo, como é conhecido, denuncia que o fechamento do Rio Madeira em um de seus afluentes está ocasionando o desmoronamento do barranco por toda a margem do rio. Na curva do Rio Madeira, também conhecido como Rio das Mortes, é possível perceber maiores danos.


Toda a área é de preservação permanente, porém, neste momento, há grande devastação da mata ciliar. A casa que o funcionário público ainda esta terminando de construir para morar com a família estava a 20m da beira do rio. Hoje, depois do desmoronamento e do aumento da erosão está com no máximo 15m.


O acesso para a casa de Teo é dos mais arriscados. Com a queda da encosta é preciso praticamente escalar o paredão do barranco para chegar ao local. O perigo de acidentes é muito alto o que torna o percurso entre a saída de dentro da “voadeira” passando pela escalada do barranco até a casa pareçam uma aventura na selva para quem se arrisca a fazer uma visita a Theodoro Oliveira.


Patrícia Ramos Rabelo, 27, diz que comunidade está ameaçada de desaparecer. A encosta do rio está desmoronando. A população teme que os desabamentos cheguem às portas de suas casas e as engulam junto com os sedimentos que formam o barranco que já estão sendo arrastados pelo rio Madeira. Já caíram dois metros e meio de barranco.


Os moradores também denunciaram que quando explodem dinamites no local aonde vem sendo construída a usina hidrelétrica Santo Antonio no horário das 6h toda a comunidade São Sebastião treme provocando medo de desabamentos entre ribeirinhos.


Os moradores que em sua maioria são pescadores estão revoltados porque a Santo Antônio Energia invadiu terras sem permissão, colocou placas no local e não indenizou ninguém. Segundo Raimunda Ramos, 39, popularmente conhecida como Raimundinha, líder da comunidade diz que a empresa Santo Antônio Energia através de seus técnicos fez algumas reuniões na comunidade e afirmou que a construção da hidrelétrica não afetaria a vida dos moradores, mas a cada dia que passa mais desmoronamentos ameaçam sumir com a comunidade que abriga mais de 60 famílias.


Raimunda disse ainda que os moradores estão proibidos de pescar na área total do rio podendo apenas ocupar 200m a partir da margem. Os peixes, fonte de trabalho para a maioria dos moradores que fazem parte da Colônia de Pescadores Z-1 Tenente Santana, sumiram. A líder da comunidade fala que a empresa Santo Antônio Energia está contratando pescadores de fora da comunidade. “A empresa não quer contratá-los porque são membros da associação de pescadores. Para contratá-los a empresa exige que as pessoas que desejam trabalhar como pescadores se desvinculem da associação. A maioria não aceita a proposta”, disse a pescadora.


Moradores dizem que a Santo Antonio Energia não tem projeto para realocá-los caso haja avanço do rio para dentro da comunidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário