sábado, 11 de julho de 2009

Poesia




DESEJOS VÃOS

FLORBELA ESPANCA


Eu queria ser o Mar de altivo porte

Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a Pedra que não pensa,

A pedra do caminho, rude e forte!


Eu queria ser o sol, a luz intensa

O bem do que é humilde e não tem sorte!

Eu queria ser a árvore tosca e densa

Que ri do mundo vão é ate da morte!


Mas o mar também chora de tristeza...

As árvores também, como quem reza,

Abrem, aos céus, os braços, como um crente!


E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,

Tem lágrimas de sangue na agonia!

E as pedras... essas... pisá-as toda a gente!...

Florbela Espanca - Fanatismo


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não es sequer razão do meu viver,

Pois que tu es já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida...

Passo no mundo , meu Amor, a ler

No misterioso livro do teu ser

A mesma história tantas vezes lida!


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...

"Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, digo de rastros:

"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,

Que tu es como Deus: Princípio e Fim!..."

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