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domingo, 12 de julho de 2009 - 0:07:38
A história de quem fez a Madeira-mamoré
Ex-ferroviários contam suas histórias sobre a Ferrovia do Diabo. São histórias de lutas, conquistas e muito trabalho. A construção da ferrovia custou à vida de milhares de trabalhadores. Hoje os últimos ferroviários relembram fatos importantes que ficaram
2009-07-11 - 15:44:00 - O OBSERVADOR / CYNTIA DIAS
Ex-ferroviários contam suas histórias sobre a Ferrovia do Diabo, 77 anos após a nacionalização. São histórias de lutas, conquistas e muito trabalho. A construção da ferrovia custou à vida de milhares de trabalhadores. Hoje os últimos ferroviários relembram fatos importantes que ficaram perdidos no tempo.
José Nazareno Araújo Alexandre dos Santos, 50, filho de barbadianos, conta que seus pais chegaram a Rondônia em 1922. Junto com eles vieram milhares de pessoas de várias nações e também do Brasil, principalmente nordestinos, para ajudar na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Foram muitas mortes em razão das endemias. A expectativa de vida dos trabalhadores era de 90 dias. Santos fala sobre as funções que ocupou na EFMM. Foi foguista e atuou como maquinista entre outras funções.
Fotos: Ney cunha
José de Melo, 62, vice-presidente da Cooperativa dos Trabalhadores do Ramo Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e coordenador da administração da linha que vai de Porto Velho ao Km 340 em Iata também conta sua história. Trabalhador mais antigo da EFMM o ex-ferroviário disse que já exerceu todas as funções em uma locomotiva. Experiente, conhece todos os detalhes da ferrovia e não esconde. Melo está meio surdo e um pouco impaciente de ter que contar a mesma história, tantas vezes repetida. Perguntas que se repetem a exaustão. Mas o ex-maquinista responde a todas e depois de um tempo se mostra amigável.
Melo trabalhou de 1959 a 1972. Foram 13 anos de dedicação a ferrovia. Começou a trabalhar aos 13 anos de idade. Estava no último trem de carga quando este partiu. Essa foi a última viagem. A chegada foi no dia 8 de julho de 1972. Depois a ferrovia foi desativada.
O ex-ferroviário não fala de seus sentimentos. Fica ali mudando de assunto. Fala sobre os furtos que ocorrem freqüentemente à locomotiva e relembra partes de sua vida. A história de Melo se fundiu com a história da EFMM. Todos aqueles que trabalharam na construção ou diretamente nas locomotivas tiveram suas histórias entrelaçadas a da ferrovia. Melo ainda aceita pousar para foto. Fica ali ao lado da locomotiva. Meio sem jeito, meio impaciente, um pouco emocionado. Fica aliviado quando acaba e se vai.
Manuel Raimundo, 69, trabalhou cinco anos na EFMM. Está sentindo um enorme prazer ao ver que a Estrada de Ferro voltará a funcionar. Segundo Raimundo a previsão para a ferrovia voltar a funcionar é no período que vai de 20 a 22 de julho.O fechamento da Praça Madeira-Mamoré para restauração irá impactar diretamente na vida dos comerciantes que sobrevivem do comércio na Praça.
Maria Cristina Matsuo, 56, há 16 anos trabalha na loja de artesanato regional. A comerciante fica feliz com a reativação da ferrovia. No entanto, lembra que em breve deverá sair por causa da obra de revitalização que a prefeitura pretende fazer. Maria Cristina ressalta a importância da EFMM. Lembra que a Estrada de Ferro é o cartão de visita de Porto velho e espera voltar após as obras para continuar com o seu trabalho. A comerciante conta sobre suas viagens na locomotiva e seu olhar parece viajar no tempo.
Rosilda Luciane Duarte, 44, há 16 anos trabalha em uma barraca na beira do rio próximo a EFMM. A comerciante fica feliz com a revitalização da praça. No entanto, lembra que todos os comerciantes serão retirados dali e a prefeitura ainda não tem um lugar para realocá-los. Segundo alguns comerciantes a prefeitura quer tirá-los da beira do rio e colocá-los próximo na Av. Farquar. A maioria não aceita. Rosilda diz que o secretário José Gadelha da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Socioeconômico e Turismo (SEMDESTUR) irá se reunir com os comerciantes na segunda-feira para tentar resolver a situação.
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