domingo, 19 de julho de 2009

Ribeirinhos sofrem com epidemia de malária devido à construção de hidrelétrica Santo Antônio

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USINAS DO MADEIRA

Ribeirinhos sofrem com epidemia de malária devido à construção de hidrelétrica Santo Antônio

Casos de malária aumentam em razão da degradação do meio ambiente causada pela construção da hidrelétrica Santo Antônio no Rio Madeira denuncia moradores da comunidade de cerca de 60 famílias

2009-07-16 - 15:47:00 - Alexandre Araujo / Cyntia Dias -

Hiléia da Silva Moreira, 35, casada, mãe de cinco filhos está com dois deles com sintomas de malária. A filha apresentou duas cruzes de vivax e o filho cinco, também de vivax. Para Hiléia a culpa é da hidrelétrica Santo Antônio. Não é só a malária, argumenta, tem muitas pessoas com virose e outras doenças também vão começar a aparecer.


A devastação ambiental é o motivo citado pela maioria dos entrevistados pelo surto da doença. As mães demonstram preocupação, pois em praticamente todas as famílias há ou houve recentemente algum caso de malária. Os agentes de saúde não aparecem com regularidade e não é usado o “fumacê” com a freqüência ideal para matar os mosquitos transmissores, lembra Hiléia.


Genilse Rabelo, 34, é mãe de cinco filhos. Uma das crianças está com a doença a mais de 15 dias.


Maria Raimunda Ferreira, 30, moradora da comunidade São Sebastião tem quatro filhos. Há quase 30 dias um de seus filhos sofre com malária.


Raimunda Ramos, 39, líder da comunidade ribeirinha conta que teve dois casos na família este ano e que no mês de junho tinham cerca de 10 a 15 casos de malária na comunidade de pescadores.


Descaso com a Saúde na Comunidade São Sebastião

A comunidade de Pescadores São Sebastião localizada na margem esquerda do Rio Madeira sofre com a falta de atendimento da Saúde pública. As cerca de 60 famílias da comunidade enfrentam dificuldades pela falta de acesso aos serviços mais básicos.


O posto de saúde da São Sebastião está praticamente abandonado segundo moradores. De acordo com Patrícia Ramos Rabelo, 27, nascida e criada dentro da comunidade ribeirinha do Médio Madeira, a equipe do projeto Saúde da Família vem visitá-los apenas uma vez por mês, às vezes duas e é sempre no domingo. O médico que atende a comunidade ,quando são feitas essas visitas, é clínico. Não há atendimento para outras especialidades.


Quando algum morador adoece tem que ser levado de “voadeira” (espécie de embarcação muito utilizada pelos moradores para atravessar o rio) ou ir de balsa até a margem direita para engrossar as filas dos postos de saúde e hospitais da capital.


Os pescadores indignados cobram providências da prefeitura que não cumpre com os serviços básicos de atendimento à saúde da comunidade, mesmo com o alto índice de malária e viroses. Os ribeirinhos dizem que todos os dias aparecem novos casos de malária além de outras doenças que os acometem.

A comunidade se sente esquecida e considera um descaso das autoridades que administram a cidade de Porto velho deixar que a saúde pública da São Sebastião chegue a uma situação tão alarmante.

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